Impactos do coronavirus: um ano difícil? 

Como relatámos no nosso primeiro post, establecemos o nosso projecto de investigação sobre “Impactos nos meios de subsistência em lidar com o Covid-19 na África Rural” (CwC) entre as Universidades de Edimburgo, Eduardo Mondlane, Manchester, Sheffield e a fundação MICAIA. 

No CwC, o nosso objectivo é co-criar conhecimento sobre os impactos de subsistência do Covid-19, e as estratégias de sobrevivência em contextos de diversas vulnerabilidades, com base em entrevistas telefónicas com diversos menbros de paineis estabelecidos nas comunidades. Como o Covid-19 traz um perigo adicional de silenciar e invisibilizar estas vozes importantes, esforçamo-nos por criar espaços para que estas vozes sejam ouvidas.

Algumas descobertas iniciais interessantes surgiram. Até agora, é evidente que os efeitos das restrições associadas à Covid-19 são imensamente variados, dependendo da situação de vida das pessoas. O fluxo de informação sobre o vírus e as restrições varia largamente, dependendo de factores como a proximidade do centro da aldeia, a idade e o sexo. O comércio diminuiu, deixando muitos membros do nosso painel a antecipar um ano difícil: muitos têm menos oportunidades para vender os seus produtos e mercadorias aos comerciantes. Em algumas comunidades, isto tem coincidido com uma persistente falta de chuva, aumentando a insegurança alimentar, especialmente para os mais vulneráveis.

Do ponto de vista metodológico, uma descoberta surpreendente é que o envolvimento de membros vulneráveis das comunidades até agora não tem sido tão difícil como se previa. Muitos entrevistados, mesmo aqueles que não tinham telefone, estão habituados a falar com familiares e amigos por telefone, e têm gostado de partilhar a sua sabedoria com ouvintes agradecidos.

Para além dos conhecimentos co-criados, existem benefícios materiais para as comunidades locais, incluindo a recepção de orientações sobre a Covid nas línguas locais e máquinas de costura que permitem a produção de máscaras.